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PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO AGRONEGÓCIO NOS PRÓXIMOS 10 ANOS


PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO AGRONEGÓCIO NOS PRÓXIMOS 10 ANOS

Sob a inspiração de dois admiráveis líderes do setor no Brasil, os ex-ministros Alysson Paolinelli e Roberto Rodrigues, participamos do Centro Oeste Tempo 3, em Brasília, em novembro. O evento teve como foco o planejamento estratégico do desenvolvimento sustentável do agronegócio para os próximos 10 anos.

Presentes nas apresentações Maurício Lopes, presidente da Embrapa; phd Antônio Licio; Marcelo Dourado, superintendente da Sudeco; senador Rodrigo Rollemberg; Rodrigo Mesquita, fundador da Agência Estado e membro do MIT no Brasil; representantes dos ministérios da Integração Nacional, da Agricultura, da CNA; Jose da Costa Carvalho Neto, presidente da Eletrobras; Fernando Barros; e personalidades fundamentadas em profundos estudos sobre as questões e os desafios do agronegócio brasileiro para os próximos 10 anos.

Um dos estudos extraordinariamente surpreendentes foi do economista, Antônio Licio, mostrando que não temos nos cerrados brasileiros mais do que 7 ou 8 milhões de hectares disponíveis para grãos, e, como nas demais regiões brasileiras, já esgotamos áreas virgens. A revelação é de que não existem alternativas fora da tecnologia, da pesquisa e do uso intenso do conhecimento já disponível no Brasil.

O trabalho também esclarece que não conseguiríamos, mesmo que quiséssemos, ultrapassar 20% do total da área brasileira, para o plantio e a criação. A mãe natureza determina isso, independentemente de leis, códigos ou outras ingerências humanas. Plantar e criar fora do que a sabedoria natural já determina, seria inviável, e conduziria essas tentativas ao prejuízo inexorável. Sobre o aspecto da demanda futura, por mais que façamos, não conseguiremos ampliar a oferta de maneira superior ao que se espera de demanda para os próximos 10 anos.

Carnes de frango, suíno , bovina, grãos, milho, soja, óleo de soja, arroz, trigo são produtos que vão solicitar o equivalente a 50 milhões de ha adicionais, o que será impossível de ser feito, neste espaço de tempo. A noticia é boa para produtores rurais. Preços continuarão consistentes e demanda superior a oferta. O estudo está lastreado na tendência da renda mundial, e do efeito de elasticidade de renda. Para os consumidores, a luta antidesperdício será essencial, mas não há cenário de produtos baratos nessa cesta básica do grosso do agronegócio global.

Será na pecuária que o avanço tecnológico precisará galopar em altíssima velocidade. Os estudos ainda revelam que se passarmos, no Brasil, para uma produtividade de uma cabeça e meia por ha, podemos liberar 20 milhões de ha adicionais para a agricultura. Quer dizer, fazer duas ou três safras por ano será fundamental, como também, crescer na produtividade do milho, marcantemente potencial, saindo de uma produtividade média de cerca de 3.500 kg/ha, para mais de 10 mil, pois este cereal permite.

Dados apresentados também revelam que jogamos fora, todo ano, cerca de US$  5 bilhões, por culpa da infraestrutura e logística. Se eliminássemos a burocracia desnecessária no transporte das mercadorias, da origem ao destino, diminuiríamos em até 20% o custo pós-porteira das fazendas.

Na concentração da produção, os dados revelam a necessidade de acesso de tecnologia aos pequenos e médios, e a carência de uma revisão da extensão rural e da força ao cooperativismo. Das cerca de 4 milhões e 500 mil propriedades rurais no Brasil, apenas 500 mil produzem 87% de toda produção nacional. Quer dizer, temos em torno de 4 milhões de propriedades com baixíssima produção e fora da renda e da tecnologia.

A notícia boa é a de que temos conhecimento, tecnologia, propostas, como a integração lavoura-pecuária-florestas, por exemplo; e técnicos, pesquisadores, gestores e gente competente. Precisamos colocar esse conhecimento e essas pessoas protegidas das provocações político-partidárias, e promover um debate produtivo fora de desejos ideológicos, reunidos exclusivamente pelo firme desejo e necessidade de colocar o Brasil acima de tudo.

Para isso, torna-se essencial o diálogo com a sociedade. Rodrigo Mesquita mostrou a importância da governança das redes sociais para o futuro do agronegócio. Não bastará apenas comandar a tecnologia e fazer choques de gestão do lado de dentro das porteiras. Será preciso engajar e comover toda a sociedade em função da causa da produção com sustentabilidade e saudabilidade.

Não se terá de criar mais um site ou um portal, e sim de uma central de conhecimento sobre origens, destinos, fontes, opiniões e percepções dessa vasta rede. O mundo hoje virou uma central de comunicação de muitos para muitos, e não mais de poucos para muitos como no passado. Do meu lado mostrei que o pensamento do setor urbano sobre o campo não é uma massa escura, tenebrosa e negativa, como pensam muitos. Trata-se de uma colcha de retalhos claros, aspiracionais e positivos, mesclados com outros desinformados e negativos, porém há uma relatividade nessa percepção que precisa ser estudada e compreendida.

O fato é que a sociedade urbana brasileira mudou muito nos últimos 30 anos, e, da mesma forma a agrícola. Precisamos apresentar competentemente uma para a outra. Meu conselho e opinião é: fazer propaganda do agronegócio brasileiro sim, mas tem que ser tão bem feito, que não pode parecer propaganda. A necessidade é a de elevar o valor estimativo pelos ativos do campo e pelo agricultor como categoria profissional na sociedade, sem o que a democracia pode vir a ser indesejavelmente perversa aos destinos da segurança e dos negócios energéticos, agropecuários e alimentares da nação. Sem comunicação competente não se joga o jogo democrático.


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Referências

www.agricultura.gov.br
Ministério da Agricultura - Portal da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento

www.embrapa.gov.br
Embrapa - Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária

www.ital.sp.gov.br
Instituto de Tecnologia de Alimentos

www.alimentosprocessados.com.br
Alimentos Processados

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