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AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE


20/06
Por: Ciro Antonio Rosolem
AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

Quando se discute biodiversidade, Amazônia, pecuária e agricultura são temas normalmente recorrentes. A noção que se alardeia é a de que o desenvolvimento da agricultura e da pecuária ameaça a Amazônia, a biodiversidade do Brasil e a vida no mundo como conhecemos. Será?

Pesquisa publicada recentemente na revista científica Nature estudou a cadeia produtiva de 15 mil produtos e procurou determinar como o consumo em um país afeta a biodiversidade em cada local, mundialmente. Concluiu-se que aproximadamente 30% das ameaças à biodiversidade na Terra vem do comércio internacional. Neste ranking, o Brasil aparece como importador líquido de biodiversidade, ou seja, 76 espécies são impactadas pelos produtos importados pelo Brasil, enquanto que nossa produção para exportação impacta 35 espécies. O que isso significa? O Brasil é um grande exportador de commodities - produtos não industrializados ou semi-industrializados, como, por exemplo, os agrícolas. Então, toda nossa agricultura pode impactar menos a biodiversidade do que nosso consumo. Em outras palavras: as cidades, onde se consome, podem impactar mais a biodiversidade do que o campo propriamente, onde se produz.

O trabalho é muito oportuno no momento em que se discute os vetos ao texto do Código Florestal Brasileiro, que certamente afetarão a produção de alimentos, a estrutura agrária e a renda, principalmente de pequenos e médios produtores do Sul e Sudeste. Até que ponto vale pagar esse pesado preço social e econômico, uma vez que os hábitos de consumo da população podem ter maior impacto na biodiversidade? Até que ponto proibir os agricultores de produzir em suas áreas mais férteis, recuperando matas legalmente eliminadas, vai melhorar a biodiversidade do planeta? Perguntas para as quais não há resposta correta no momento. Mas há, sim, indicativos de que o impacto seria pequeno, se houver. Muito mais importantes seriam as mudanças nas cidades e no consumo, como mostra o estudo.

Passou da hora de se buscar diagnósticos melhores e, assim, desenvolver ferramentas adequadas para garantir a sustentabilidade da vida. Palpites e ideologias não podem gerar e nutrir leis que prejudiquem nossa renda, nossa economia, nossa sociedade. Alguém poderia, com segurança, apontar quantas e quais espécies foram extintas no Sul e Sudeste do Brasil em função da ocupação dos espaços pela agricultura? Mais importante no momento é saber como será afetado o equilíbrio estabelecido nestas áreas nos últimos séculos, com a reimplantação de florestas. Ou seja, qual o real benefício desse enorme sacrifício? Nova intervenção em áreas consolidadas não poderia gerar novos problemas? É fundamental lembrar que a recomposição florestal, além de cara, exige o uso de insumos modernos como fertilizantes e defensivos. O desenvolvimento agrícola, utilizando técnicas adequadas em áreas já em uso, pode contribuir mais para manter a biodiversidade, uma vez que os alimentos, matérias primas e agroenergia terão que ser produzidos em áreas já desmatadas ou não. O melhor caminho é o aumento na produtividade com tecnologia, usando mais adequadamente as áreas agrícolas já consolidadas.

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Referências

www.agricultura.gov.br
Ministério da Agricultura - Portal da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento

www.embrapa.gov.br
Embrapa - Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária

www.ital.sp.gov.br
Instituto de Tecnologia de Alimentos

www.alimentosprocessados.com.br
Alimentos Processados

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